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quinta-feira, 30 de maio de 2013

As soluções do Santos estão em casa

Muricy vai ter trabalho; Montillo volta a jogar (foto: flickr.com/photos/santosfc)
De Curitiba

Não pude assistir à segunda partida do Santos Futebol Clube no Brasileirão, mas, vendo os melhores momentos há pouco pela internet, parece que depois de uma meia-dúzia de jogos o Peixe finalmente conseguiu criar jogadas, chutar com mais frequência e perigo a gol.

Merecia ter saído de Volta Redonda com um empate contra o Botafogo (terminou 2 a 1 pro campeão carioca).

O Santos atual está longe de ser uma equipe em condições de disputar o título, ou mesmo apenas uma vaga na Libertadores, todavia com algumas correções de rumo tem tudo para fazer uma campanha razoável.

E, se apostar na molecada que está vindo da base, pode preparar um, aí sim, competitivo time para 2014. A torcida só vai precisar ter paciência.

O Santos é o atual campeão da Copa São Paulo de Futebol Júnior, é o atual detentor do título paulista sub-20, estreou no campeonato deste ano com boa vitória sobre o rival Corinthians, portanto é inadmissível que essas revelações não sejam aproveitadas pelo time principal.

Claro que é válida a tentativa de trazer Robinho e Nilmar, e o investimento nesses dois, ou em um deles, será imprescindível.

Mas também se não der pra trazer Robinho e Nilmar ou atletas desse nível (que são poucos), não adianta gastar dinheiro com medalhões que só tenham fama e salário. 

Ou se gasta com top ou deixa quieto.

Com o excelente goleiro que é o Rafael, mantendo Edu Dracena e Durval na zaga, Arouca no meio campo, Léo na lateral e, na meia, Montillo - que ontem contra o Botafogo parece ter jogado muito bem (mesmo na medíocre partida entre Santos e Flamengo no domingo, o argentino já tinha demostrado evolução) -, é possível subir Giva, Neilton, Gabriel, Victor Andrade, e dispensar uns reservas que jogam nada perto do salário e do status que acumulam.

Ah, e Marcos Assunção precisa ser mais aproveitado. É dos poucos jogadores em atividade no Brasil que sabem cobrar faltas e escanteios, e o Santos tem desperdiçado incontáveis chances em bola parada pela ausência de alguém que saiba colocar a bola na área ou no gol.

terça-feira, 28 de maio de 2013

Governo Dilma invade a praia do PSDB, Dem e PPS




Vale mais uma vez dar espaço aqui ao senador Requião. Nesta terça, dia 28, proferiu mais um dos seus discursos nacionalistas, à esquerda. Neste, construtivamente, critica a guinada ao neoliberalismo dada pelo governo da presidenta Dilma Rousseff de uns meses para cá.

A Medida Provisória dos Portos e o leilão de áreas de exploração de petróleo são dois trágicos episódios recentes nessa trajetória, à direita, do governo eleito justamente para dar um basta a esse entreguismo.

"Sem mais aquela, sem pedir desculpas pela falseta, o governo invade a praia do PSDB, do DEM e do PPS com uma ousadia de penetra, espalhando areia e inconveniências no espaço alheio", declara Requião no discurso.

Clique no vídeo acima para assitir na íntegra. Abaixo, alguns trechos:
  • É a economia, senhoras e senhores senadores. Ela é o sal de nossas vidas. E as nossas vidas, a vida nacional têm andado um tanto quanto sem sabor nos últimos meses (...).
  • Como disse o Partido Comunista Brasileiro, o PCB, em uma corajosa e militante nota política: estamos vendo o maior processo de privatizações na história do Brasil.
  • Diz o PCB: privatizam-se estradas, aeroportos e portos; privatizam-se o petróleo e hidrelétricas; e, ao se colocar recursos financeiros e humanos das estatais, como o BNDES, a Petrobrás, a Caixa e o Banco do Brasil, a serviço de entes privados, temos as chamadas “privatizações brancas”.
  • O que é a política de formação dos tais “campeões nacionais”, cevando um mega especulador como Eike Batista, se não uma “privatização branca”?
  • Meu Deus! Quando esse tempo passar, quando um dia, lá na frente, alguém nos perguntar: “E naqueles tempos, o que vocês fizeram?”. Constrangidos, envergonhados, vamos responder: “Naqueles tempos criamos Eikes Batistas”.
  • Lembra ainda o PCB: também é uma forma de privatização a desoneração de seis bilhões de reais em impostos, beneficiando as empresas de telecomunicações para que elas possam atingir as metas que elas prometeram cumprir por contrato com o Estado brasileiro.
  • Não foi suficiente o escândalo das teles, passadas de mão beijada para o capital privado. Agora vamos livrá-las de pagar seis bilhões em impostos, para que elas, pobrezinhas, possam cumprir o que assinaram.
  • E não vejo ninguém vociferando contra o não cumprimento do contrato. Não ouço os jornalões e a Globo exigindo que os contratos sejam cumpridos.O princípio tão caro para os liberais do “pacta sunt servanda” serve apenas para o Estado, como se vê.(...) 
  • Por cinco vezes, não uma ou duas, e sim por cinco vezes acompanhei o PT nas eleições presidenciais. Nas circunstâncias de hoje, fossem esses que se anunciam os candidatos, acompanharia o PT pela sexta vez. No entanto, parece claro que o PT está à deriva, distancia-se da esquerda. Como já não é mais possível classificar como de esquerda os partidos da base, que ainda assim se dizem, em que pese as posições hoje assumidas.
  • É à esquerda, pela esquerda, que construiremos o país e a sociedade que anelamos há tanto tempo. Não há outra saída. Boa parte da esquerda tradicional, como a camélia, caiu do galho, depois murchou, depois morreu.
  • Vamos então, mais uma vez, recomeçar."

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Como o Brasil pode receber os novos imigrantes

De Curitiba
A revista Caros Amigos deste mês traz uma reportagem que aborda um baita desafio para nós, brasileiros, e que bate à nossa porta: como está sendo, e será, a nossa relação com os imigrantes que cada vez mais temos recebidos.

O Brasil tem gerado empregos, aumentado a renda das famílias, melhorado nos indicadores sociais e escapado da crise econômica global. 

Bem diferente do que está acontecendo nos Estados Unidos, na França, na Espanha, na Itália, na Alemanha, na Inglaterra, no Japão, na Suécia, que veem o desemprego explodir, a miséria aumentar e os conflitos sociais se exacerbarem.

Assim, se a América do Norte e a Europa eram o eldorado imaginado por latino-americanos e africanos, agora o Brasil é o país que dá esperança – e “oportunidades” - de vida nova.

Há, no entanto, efeitos colaterais: trabalhadores estrangeiros praticamente escravizados, a falta de estrutura para receber todo mundo que tem chegado, a ausência de uma legislação clara, e atualizada, que regulamente essa relação entre nação brasileira e nações imigrantes.

Segundo a reportagem, o Estatuto dos Imigrantes em vigência é de 1980. Um projeto de lei reformulando o marco regulatório (de número 5.655/2009) tramita no Congresso Nacional há quatro anos.

Com o Bolsa Família, o Brasil é mundialmente reconhecido como exemplo de combate à miséria. O país pode dar também outra lição aos do dito "primeiro mundo": estabelecer uma relação com os imigrantes baseada na solidariedade, na inclusão, na promoção da igualdade, no combate ao preconceito.

Um tratamento, portanto, humano, e totalmente distinto daquele dispensado por países como Inglaterra, Espanha, França, Itália, Holanda, Estados Unidos...

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Sobre "Carcereiros" e os "de menor"

De Curitiba

Sou contra a redução da maioridade penal.

Por uma série de razões, entre elas o mito de que a atual legislação (Estatuto da Criança e do Adolescente) é complacente com menores de idade que infringem a lei.

Fazer com o que o Estatuto da Criança e do Adolescente seja plenamente cumprido - da garantia de direitos à “punição” aos infratores -, esse deve ser o esforço da sociedade.

Má' vá: a título de exercício, aceitemos a ótica dos que consideram brandas as punições previstas no tal estatuto.

Para essas pessoas, o menor com 16, 17, 18 anos merece cadeia.

Qual cadeia? Isso que temos hoje, fábricas de produzir, capacitar, aperfeiçoar, doutorar criminosos?

Os que acham que um rapaz ou uma moça "de menor" deve ser preso acreditam realmente que a carceragem é a escola para punir, re-educar e re-inserir o jovem na sociedade?

Se acham que sim, desconhecem o sistema prisional.

Se sabem que não, mas querem justamente isso mesmo, ou seja, que o sujeito realmente coma o que o diabo amassou para pagar pelo que fez, esquecem-se de que não estarão punindo, sim formando novos criminosos.

Dois livros do médico-repórter Dráuzio Varella retratam a realidade do sistema prisional brasileiro: Carandiru, que virou filme, e Carcereiros, lançado no final do ano passado.

Carceiros conta o cotidiano das prisões sob o olhar de quem nelas trabalha, ou trabalhou por décadas.

Fica a dica de leitura.

É curtinho, linguagem acessível, traz histórias pitorescas, causos engraçados, dramas inimagináveis.

É uma boa fonte para iluminar as ideias, buscar argumentos que tragam serenidade - e seriedade - ao debate.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Uma ideia na cabeça: uma constituição na mão

Na Venezuela, Constituição está a tira-colo (fotos: WAA)
De Curitiba

"Conhecer a Constituição é um dever. Deveria ser uma obrigação: quando a gente for dar um presente pra alguém, dar junto um exemplar da nossa Constituição."

A recomendação foi feita tempos destes pelo ministro Sérgio Kukina, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), em palestra a professores, funcionários e estudantes do Colégio Estadual do Paraná, em março (mais aqui).

Nos camelôs em Caracas...
Meses antes, em janeiro, estive na Venezuela. Hugo Chávez estava internado, em Cuba, e não poderia fazer novo juramento à Carta Magna do seu país para o novo mandato que se iniciaria no dia 10 daquele mês. A Constituição Venezuelana permitia que o mandato fosse instalado e o juramento fosse feito em outra oportunidade.

O povo foi às ruas comemorar a continuidade do governo chavista e, com um exemplar em mãos, defender, de forma exemplar, que a lei máxima fosse cumprida (relembre aqui).

Era impressionante: de militantes a cidadãos comuns, de jovens aos mais idosos, de urbanos a indígenas, quase todo mundo dispunha de uma constituição em formato de bolso. Nos camelôs, além de camisetas, guloseimas, brindes, também se podia comprar um exemplar da Constituição Venezuelana.

Faço coro ao alerta do jurista Sérgio Kukina: a Constituição Brasileira deve ser o nosso livro de cabeceira, de escrivaninha, de bolso. Poderia ser matéria, ser disciplina na escola, e não um privilégio de quem estuda Direito.

... têm tudo, inclusive a Constituição
O governo federal poderia subsidiar a impressão de exemplares. Distribuir aos estudantes, aos beneficiários do bolsa família, deixar para consulta nos órgãos públicos. Em parceria com as companhias de eletricidade, poderia enviar um exemplar pra cada endereço junto com a conta de luz.

É caro? De onde viria o dinheiro?

Olha: de 2000 a 2012 o governo federal gastou quase R$ 6 bilhões (seis bilhões!) em publicidade só com a Rede Globo de Televisão. Um tiquinho apenas dessa montanha seria suficiente pra levar aos brasileiros, além de água, luz e esgoto, um exemplarzinho da nossa Carta Magna, não é mesmo?

O nosso dinheiro estaria muito melhor empregado, concorda?

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Uma dica para quem não agüenta o Fantástico

De Curitiba

É recorrente o pessoal reclamar da falta de opção na televisão aberta aos domingos à noite: a gente zapeia, zapeia, e acaba caindo no Fantástico por não encontrar nada melhor.

Pois aqui vai uma alternativa, ao menos para este dia 19: a estreia do documentário “Darcy, um brasileiro”.

Será às 20h30, na TV Senado*. Se na sua região não dá para sintonizar, tenta ver em tempo real, pela internet (www.senado.gov.br/noticias/tv).

(Se não der para sintonizar na televisão e a internet for lenta, aí se junte a nós na luta por um novo marco regulatório para as comunicações, um marco que democratize a exibição e o acesso a conteúdos. Confira aqui).

Mas se preferir o Fantástico, o Domingo Espetacular, ou alguma mesa-redonda futebolística, sem problemas. O documentário será reapresentado ainda neste mês, no dia 25 (às 13h30), e no dia 2 de junho (12h30).

Ah, e fica disponível, na internet, para ser assistido, baixado, salvo e reproduzido.

Desde já, a sinopse do filme:

  • Um homem de causas. Assim pode ser definido Darcy Ribeiro.  No documentário “Darcy – um brasileiro”, da TV Senado e dirigido por Maria Maia, o telespectador vai conhecer essa personalidade, visto por ele mesmo e pela ótica de amigos e colaboradores. 
  • O documentário segue uma narrativa cronológica desde a infância de Darcy em Montes Claros até os seus últimos dias, internado na Rede Sarah de Hospitais, para tratamento do seu segundo câncer. Pontuado por imagens de arquivos de vários momentos históricos brasileiros, o documentário mostra que a vida de Darcy está entrelaçada aos  acontecimentos mais importantes do país na segunda metade do século passado. 
  • Mineiro de Montes Claros, Darcy Ribeiro dedicou a sua vida aos menos favorecidos. Na pele de antropólogo, defendeu os índios, ajudou na Criação do Parque Nacional do Xingu, documentou várias etnias em livros e fotografias e fundou o Museu do Índio; na de educador e professor; fundou a Universidade de Brasília, criou a Lei de Diretrizes Básicas da Educação e os Cieps; na de político, foi chefe da Casa Civil no governo de João Goulart, lutou contra a ditadura, sendo exilado em 1974, foi vice-governador de Leonel Brizola e senador da República.

*Veja como sintonizar a TV Senado: www.senado.gov.br/noticias/tv/pagina.asp?cod_pagina=4

terça-feira, 14 de maio de 2013

Um obstáculo a sobrepor: as muralhas da linguagem

De Curitiba

Principalmente a comunicadores sociais, como jornalistas e professores, vai a recomendação: ler "Muralhas da Linguagem", de Vito Giannotti.

Porque a obra não só explica como a linguagem pode ser, e é, fronteira a segregar classes sociais, como aponta caminhos para transpor essa fronteira - derrubar ou, pelo menos, sobrepor essa muralha.

Pra jornalistas, em especial pra quem atua na mídia alternativa ou em veículos de sindicato e outros movimentos sociais, o livro é fundamental pra despertar na gente a atenção constante para escrever e falar de modo que a mensagem possa ser compreendida pelo público.
 
Da mesma forma o livro é essencial a professores. A comunicação é ferramenta básica no processo de se compartilhar conhecimento. Se nós, professores, não soubermos identificar os tijolos dessa muralha e não conseguirmos ultrapassar essa barreira, por melhor que seja nossa intenção, por mais domínio da matéria que tenhamos, e por mais dispostos que estejam os estudantes, a aprendizagem será dificultada, comprometida. 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Requião: os malditos 300 anos de escravidão



De Curitiba

"Foram três séculos de escravidão negra no Brasil. Malditos 300 anos. Tão amaldiçoados que nem os próximos 300 anos serão suficientes para purificar o país da crueldade contra um povo, condenado ao opróbrio por causa da cor da pele.

Talvez soubéssemos mais ainda sobre essa vergonha se os arquivos da escravatura no país não tivessem sido destruídos. É como age a nossa elite branca e racista, é como a casa grande escreve a história.

Foi assim também que ela agiu depois da ditadura de 1964-1985, queimando arquivos, escondendo corpos, tentando apagar mais um capítulo de seu infamante e maldito mando.

A queima dos arquivos da escravatura impede-nos de saber com exatidão quantos negros foram sequestrados na África; quantos morreram no transporte; quantos morreram nos primeiros tempos do cativeiro, pela violência do tratamento, pela inadequação ao trabalho forçado ou das lembranças da liberdade, das tristezas da sujeição. E quantos foram assassinados pelos senhores, pelos sinhozinhos e sinhazinhas? E quantas Baronesas de Grajaú cegaram e assassinaram seus negros?

Não sabemos muito, queimaram os arquivos, como a ditadura o fez, porque a desmemória é também um instrumento de dominação

A história brasileira da infâmia, pinçada na verdade dos fatos, talvez pudesse começar com a chegada dos africano aos portos brasileiros. Assim que desembarcados, eram submetidos a dois rituais, a duas sinalizações: eram ferrados e marcados em brasa e, batizados. Marcados na pele e marcados na alma, estavam aptos para serem admitidos nas senzalas e na bem-aventurada comunidade cristã, estavam habilitados ao cativeiro e aos reinos dos céus.

(...)

As sementes da dor espalham-se e germinam por todo canto da terra brasileira. A história de nossa infâmia prolonga-se, estende-se, ultrapassa os trezentos anos do cativeiro dos negros.

As sementes da dor marcam o passado e marcam o presente"

Se você quiser refletir, refletir mesmo, sobre a história do Brasil - a história passada, a história presente - sugiro assistir a este discurso do senador Roberto Requião, proferido na sessão deste 13 de maio do Senado da República.

 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Uma carta de Dia das Mães à mãe e presidenta Dilma Rousseff

A senhora sabe, presidenta: o petróleo é nosso (foto: Blog do Planalto)
De Curitiba

Estimada, querida presidenta Dilma Vana Rousseff,

Domingo próximo é Dia das Mães, como é do conhecimento de todos.

Lhe peço: aproveite para refletir e decidir.

Agir como mãe.

Como mãe dos brasileiros e brasileiras - dos brasileirinhos e brasileirinhas, como a senhora carinhosamente chama nossas crianças.

Vou logo ao assunto: mande cancelar essa rodada de leilões de blocos de exploração de petróleo, marcada para a próxima terça, dia 14, e quarta, dia 15, e promovida pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).

Está meio em cima da hora, mas ainda dá tempo. Sempre é tempo para as sábias decisões de mãe.

A entrega do petróleo às multinacionais é um presente, de mãe. Um presente, no entanto, pra gente bem crescidinha já, que não carece desses mimos maternos.

Não preciso expor aqui os argumentos, os números. A senhora os conhece - os argumentos, os números - muito bem. 

Afinal, a senhora esteve ao lado dos que lutaram contra a ditadura civil-militar subserviente aos interesses estrangeiros; a senhora esteve ao lado do nacionalista Leonal Brizola, foi peça fundamental no governo popular do presidente Lula. 

A senhora, mais do que ninguém, sabe dos males desse entreguismo que são os leilões da ANP, uma herança do governo neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.

Nós, brasileiros e brasileiras, elegemos a senhora presidenta justamente para interromper de vez o processo de dilapidação do patrimônio nacional. Foi principalmente para isso que votamos na senhora e não no candidato do PSDB, o José Serra.

Insisto: não há pessoa neste país que saiba mais do que a senhora por que centrais sindicais, movimentos sociais e lideranças políticas comprometidas com os interesses da nação estão indo às ruas, às tribunas, protestar contra a famigerada rodada de leilões.

Eu sei, sabemos, que a senhora é responsável, prudente, lúcida, de modo que mesmo profunda conhecedora do assunto, se quiser se atualizar, reciclar os argumentos, verificar como está a repercussão, como estão as repercussões, aproveite o final de semana para ler as últimas edições do jornal Hora do Povo, textos no Vi o Mundo do Luiz Carlos Azenha, no Brasil de Fato, os artigos dos engenheiros da Petrobrás, ligar e conversar com o senador Requião, com o deputado Brizola Neto...

A fonte é farta.

Reconhecemos na senhora a saudável obsessão em eliminar a miséria do Brasil e em melhorar a educação dos brasileirinhos e brasileirinhas. Mandou ao Congresso Nacional a proposta de destinar 100% dos royalties do petróleo para investimentos em educação.

Louvável.

A maior demonstração, todavia, de que a senhora está realmente determinada em seguir nessa luta, superando todos os obstáculos e enfrentando todos os adversários, por mais poderosos que sejam, está nessa decisão pela qual aqui clamo.

Feliz Dia das Mães a todas as mães!

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Alckmin e a erradicação dos cortiços

Entrega de chaves na capital. E em Santos? (foto: Governo SP)
De Curitiba

Entre estimativas oficiais e extra-oficiais, calcula-se que no Centro Velho de Santos cerca de 15 mil pessoas morem em habitações coletivas, os famosos cortiços. Há pelo menos dez anos o Governo do Estado de São Paulo, por meio de um programa denominado “Programa de Atuação em Cortiços”, da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), vem prometendo acabar com essas moradias indignas, que contrastam com o boom imobiliário vivenciado pela cidade desde o início da “era pré-sal”, principalmente.

Até agora, porém, pouco mais de 20% dos 500 apartamentos prometidos pela CDHU foram entregues, em 2008 – e com atraso. Tratam-se de dois conjuntos no Paquetá, um com frente para a Rua João Pessoa e outro, para a Rua Amador Bueno, com 117 unidades no total, de acordo com informações divulgadas à época pela imprensa oficial do governo paulista.

No último dia 28, um domingo, o governador Geraldo Alckmin, em seu perfil no twitter, enalteceu a entrega, que fizera naquele dia, de 62 apartamentos na zona central de São Paulo, capital, como parte integrante da tal “atenção aos cortiços”.

“Os apartamentos são muito bem localizados, com toda a infraestrutura da região”, disse, para continuar em seguida: “As unidades entregues hoje têm piso cerâmico, azulejos nas paredes hidráulicas, salão de festa e paisagismo no condomínio. Aquele capricho!”

Ótimo!

Mas, e a erradicação dos cortiços de Santos, sonho de Mário Covas e Franco Montoro, promessa de Alckmin e do antecessor José Serra?

Esta pergunta foi imediatamente feita ao governador, via twitter, por este blogueiro. Porém, até a publicação deste texto aqui (desde a semana passada está postado também no Ò Minha Santos), a pergunta continuava sem resposta. 

Tudo bem, se a dúvida fosse só minha. Mas não é. É das famílias que receberam, há anos, o compromisso de que teriam, enfim, um teto digno para viver.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Sobre a meia coragem

Exploradores de trabalho escravo são poupados (foto: MTE)
De Curitiba

Dia destes ouvi comentário de que determinada figura que apresenta certo programa de televisão "tem coragem".

Porque detona político, questiona a segurança pública, critica a impunidade, fala da falta de leis, pega pesado com criminosos.

Tudo assim, generalizado. Bravo, com bravatas, mas generalizadas.

Argumentei, no entanto, que para isso não é preciso muita coragem não. É preciso talento e competência para utilizar as palavras certas, num tom convincente.

Tentei mostrar que, na verdade, a crítica generalizada, por mais pesada que seja, pouco expõe quem realmente deve na praça e deve ser exposto.

Dizer que "os políticos não fazem nada, só querem roubar" não atinge os que "não fazem nada e só querem roubar".

Pior: só faz esconder esses "que não fazem nada e só querem roubar".

Porque coloca todo mundo no mesmo balaio: os que fazem muito, inclusive fazem pelos que nada ou pouco fazem, e os que não fazem nada "ou só roubam".

Fica todo mundo rotulado como pilantra. Quem não é, fica prejudicado com a pecha. Quem é pilantra, nem se importa: afinal, como todo mundo acha que todos são pilantras, ele pode pilantrar à vontade que outros vão levar a culpa também.

Ultimamente, a coragem maior não é a de criticar, é a de enaltecer. Ou, se for criticar, que seja a crítica pontuada, especificada, nominada.

Um exemplo: semana passada, no interior de Goiás dezenas de crianças foram intoxicadas depois que um avião que pulveriza lavouras despejou agrotóxico no pátio de uma escola.

Não vi, li ou ouvi os tais corajosos darem nome aos bois: identificarem o dono do latifúndio, mostrarem que a prática é recorrente no agronegócio monocultor, explicarem (já que gostam tanto de falar dos "políticos") que no Congresso Nacional existe uma bancada ruralista forte que resiste a qualquer medida que restrinja essas pulverizações...

Nada.

É assim também quando a fiscalização flagra trabalho escravo em fazendas ou confecções, fato cada vez mais recorrente.

Dos ditos corajosos não se vê a exposição dos responsáveis pela exploração. Não se ouvem explosões contra as grifes ou as transnacionais do agronegócio que lucram com a exploração da mão de obra.

Agora, quando o assunto é redução da maioridade penal... ai os discursos, estes sim, são carregados em tinta, bradados, inflamados... Que coragem!

segunda-feira, 6 de maio de 2013

A história do "mensalão" é outra

De Curitiba

O Supremo Tribunal Federal (STF) já está, nesta semana, com os recursos (tecnicamente denominados "embargos declaratórios") dos réus do marketeiramente chamado "caso mensalão".

Enquanto o STF não analisa e julga os embargos, você bem que poderia conhecer distorções do processo e do julgamento em si, expostas num livro do jornalista Paulo Moreira Leite, com prefácio de outro jornalista, Jânio de Freitas.

"A outra história do mensalão - as contradições de um julgamento político" traz exatamente isso: contradições. Contradições de um julgamento que é exatamente isso: político.

Um julgamento político, transmitido como se fosse um big brother, sob pressão dos grandes veículos de comunicação. E, inclusive por isso, cheio de contradições.

Tenho um exemplar à disposição. Empresto, com o compromisso de que seja passado adiante, isto é, seja emprestado, para ser emprestado, e depois emprestado...
 
Mesmo omitido pela grande mídia, o teor da obra aos poucos vai sendo conhecido. Dias depois de lançado, o livro já estava entre os mais vendidos.

Como disse o cineasta Jorge Furtado, ao comentar sobre o livro, segundo matéria no Vi o Mundo (aqui), "o futuro agradece".

domingo, 5 de maio de 2013

Parabéns pra Mônica

De Curitiba

Duas leituras contribuíram significativamente para minha alfabetização: d' A Gazeta Esportiva (acompanhava as tabelas dos campeonatos e as ilustrações dos mais importantes gols da rodada) e os gibis, sobretudo da Turma da Mônica.

Chico Bento era e é meu favorito, mas já que a Mônica completa 50 anos em 2013 - a primeira tirinha da dentuça saiu em 3 de março de 1963 - rendamos todas as homenagens à baixinha.

Até para se redimir, porque bem que era muito engraçado acompanhar os planos mirabolantes que Cebolinha e Cascão aprontavam pra cima da menina do coelhinho.

Todas as referências também ao criador, Maurício de Sousa. Gênio!

Pra quem é de São Paulo, fica a dica: uma exposição aberta ontem, no Museu Brasileiro da Escultura, conta um pouco dessa cinquentenária história. A entrada é gratutita e a exposição permanece até 2 de junho, informa o Jornal do Brasil.

sexta-feira, 3 de maio de 2013

O filme dos alunos e a democratização da mídia

De Curitiba

Uma turma de alunos do curso no qual leciono, o de Técnico em Produção de Áudio e Vídeo, do Colégio Estadual do Paraná, colocou no ar nesta semana o seu curta metragem de conclusão de curso.

"Jogos de Guerra" tem 11 minutos de duração.

Nele, um soldado, solitário, num ambiente pós-batalhas, se depara com adversários remanescentes desses embates. Ameaçado, parte para o contra-ataque, na tentativa de escapar com vida. Até que uma derradeira explosão desvenda as (surpreendentes) razões da peleja.

(Para assistir, clique aqui)

Da concepção da ideia à divulgação e exibição, passando pelo roteiro, produção e finalização, todo o curta metragem é de autoria dos estudantes - claro, embasados pelas aulas que tiveram e orientados pelos professores do curso.

Da ideia concebida ao esforço para conseguir espaço para exibir, a obra é um primor.

Extraordinária, nota dez, excelente!

Aliás, o empenho, e mais que isso, as dificuldades que a galera vem encontrando para fazer o seu trabalho, resultado do talento, competência e dedicação, chegar ao público são um dos incontáveis exemplos a mostrar a necessidade de um novo marco regulatório para a mídia, para as telecomunicações do nosso país.

Um marco regulatório que faça valer o que está no capítulo V da nossa Constituição, o capítulo que trata da Comunicação Social.

Entre os cinco artigos que compõem tal capítulo (artigos 220 a 224), dois deles, se regulamentados, permitiriam que manifestações culturais independentes deste Brasilzão afora - como o Jogos de Guerra da turma do Colégio Estadual do Paraná - encontrassem canais para serem exibidas, compartilhadas.

Um dos artigos é o 221. Repare:
  • O artigo 221 diz que "a produção e a programação das emissoras de rádio e televisão apresentarão os seguintes princípios", e, entre os quatro princípios enumerados na sequência, está "a regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei".
Pois é exatamente isto: falta uma lei, para as emissoras de rádio e tevês abertas que fixe esses percentuais, defina o que possa ser considerado produção regional.

Se houvesse essa lei, certamente as emissoras do Paraná teriam espaço para exibir trabalhos locais como é o Jogos de Guerra.

O outro artigo é o 223. Acompanhe:
  • O artigo 223 é o que fala da "complementariedade do sistema". Em outras palavras: segundo esse artigo, de todos os canais de rádio e televisão, uma parte deve ser de emissoras privadas, outra, estatais, e uma terceira fatia, de emissoras públicas, da sociedade organizada. 
Se houvesse uma lei regulamentando esse artigo, a turma dos Jogos de Guerra não ficaria refém da boa vontade das emissoras privadas, que hoje detêm a quase totalidade dos canais.

Se essa lei existisse, quem sabe o próprio Colégio Estadual do Paraná, em conjunto com outras instituições de ensino, pudesse ter seu próprio canal de tevê ou rádio para exibir, e compartilhar com a sociedade, o conhecimento produzido por seus estudantes.

Bom, o governo da nossa presidenta Dilma, a julgar pelas declarações e disposição demonstrada pelo seu ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, dificilmente vai propor uma regulamentação. E olha que o antecessor, Lula, até deixou uma proposta, conduzida pelo seu secretário de Comunicação Social Franklin Martins e resultado da I Conferência Nacional de Comunicação, de 2009 (da qual participei).

A inércia governamental só sera quebrada a partir da mobilização popular. Por isso, desde o último dia 1º, está nas ruas e na internet a coleta de assinaturas em apoio a um projeto de lei de iniciativa popular (chamado pela sigla Plip) que propõem justamente um marco regulatório que faça valer a Constituição Cidadã de 1988.